Arcadismo

DEFINIÇÃO
Também conhecido como Neoclassicismo ou Setecentismo (anos 1700), surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de ascenção da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. 

CARACTERÍSTICAS
O nome "Arcadismo" é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética. 
Esta escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza
Por essa razão muitos poetas do Arcadismo adotaram pseudônimos (nomes falsos) de pastores gregos ou latinos.
Os poetas da escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranqüilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. 

Quadro representando um pastor de ovelhas – ilustração
típica do Arcadismo
 Além disso, estão presentes no arcadismo:
* Literatura simples = opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco. Os temas também são simples e comuns aos seres humanos: amor, morte, casamento, solidão. As situações mais freqüentes apresentam um pastor abandonado pela amada, triste e queixoso;

* Volta aos modelos clássicos greco-latinos da Antigüidade e aos renascentistas = Acreditavam ser a arte uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica;

* carpe diem = pastor, ciente da passagem do tempo, convida a pastora a gozar o momento presente;
Valorização da vida bucólica
* locus amoenus - o lugar ameno, onde se encontra a paz para o amor = A vida simples, bucólica, pastoril, busca do locus amoenus (lugar ameno) era só um estado de espírito, uma vez que todos os poetas árcades moravam na cidade; 
Clique na imagem para melhor visualização
* fugere urbem = fuga da cidade;

* Objetividade.


ARCADISMO NO BRASIL
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas
O estilo árcade ficará em moda aé a publicação, em 1836, da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves Magalhães, que marca o início do Romantismo entre nós.
Entre os grandes poetas do arcadismo brasileiro podemos destacar:

 > Claúdio Manuel da Costa (1729-1789)   
 
Nasceu em Minas e, após completar o curso de Direito em Coimbra, viveu um tempo em Lisboa, onde entrou em contato com as novidades do Arcadismo. Retornando ao Brasil, tomou parte na Inconfidência Mineira. Morreu na prisão. Glauceste Satúrnio foi seu pseudônimo árcade, sendo Nise sua musa-pastora.

Seu estilo literário geralmente é composto por sonetos, hipérbatos, antíteses e figuras sonoras. 
 
Na citação a seguir, está presente um elogio ao campo, lugar idealizado pelos  poetas árcades:
"Quem deixa o trato pastoril, amado, / Pela ingrata civil correspondência, / Ou desconhece o rosto da violência, / Ou do retiro da paz não tem provado." 

Suas obras principais foram: Poesias, Labirinto de Amor, 1753, Obras Poéticas, 1768, Vila Rica, 1839. 


 > Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
 
Filho de pai brasileiro e mãe portuguesa, nasceu em Porto (Portugal) em 1744. Estudou Direito em Coimbra, tendo voltado para o Brasil em 1782. Exerceu o cargo de juiz em Vila Rica, antes de ser preso 
junto com os outros inconfidentes. Sua pena foi o degredo para 
Moçambique, onde se casou com uma viúva. O pseudônimo árcade adotado por Gonzaga foi Dirceu. Marília é o pseudônimo que inventou para Maria Joaquina de Seixas, sua musa, uma jovem de 16 anos por quem se apaixonou e para quem escreveu suas conhecidas Liras. Morreu em Moçambique, em 1810.

Segundo suas poesias ele não participava da Conjuração, apesar de ser amigo de Cláudio Manuel da Costa. Ainda assim, era acusado de ser o mais capaz de dirigir a Inconfidência.

Suas obras principais foram: 
- Marília de Dirceu
Esta é uma obra pré-romântica; o autor idealiza sua amada e supervaloriza o amor, mas é árcade em todas as outras características. É um monólogo de Dirceu em que Marília é um vocativo;

- Cartas Chilenas
São 13 poemas satíricos com estrutura de carta (epístolas) escritos por Critrilo (pseudônimo do autor por muito tempo obscuro). Os desmandos, atos corruptos, nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais são relatados em versos decassílabos do "Fanfarrão Minésio" (o governador de Minas Gerais, Luís Cunha Meneses) no governo do "Chile" (a cidade de Vila Rica). 

Trechos
"Eu vi o meu semblante numa fonte, / Dos anos ainda não está cortado, / Os Pastores, que habitam este monte, / Respeitam o poder de meu cajado."
 --Marília de Dirceu

"Assim o nosso chefe não descansa / De fazer, Doroteu, no seu governo, / Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas, / Que menos violentas nos parecem, / Pratica outras que excedem muito e muito / As raias dos humanos desconcertos."
--Cartas Chilenas


Para descontrair!!
O vídeo abaixo representa um trabalho de literatura, cujo tema é o Arcadismo/Tomás Antônio Gonzaga, falando um pouco sobre a vida deste grande poeta. A criação foi feita pelos alunos do colégio Alvorada.



> Basílio da Gama (1741-1795)

Poeta mineiro, estudou com os Jesuítas no RJ. Em Roma ingressou na Arcádia Romana, adotando o pseudônimo de Termindo Sipílio. Escapou de acusações de jesuitismo e do dregredo em Angola, escrevendo elogios ao casamento da filha do Marquês de Pombal. Escreveu, em 1769, O Uraguai, sendo a segunda passagem uma das mais famosas de sua obra: a morte de Lindóia.

Trecho de "O Uruguai"

"Na idade que eu, brincando entre os pastores, / Andava pela mão e mal andava, / Uma ninfa comigo então brincava, / Da mesma idade e bela como as flores."

"Açouta o campo coa ligeira cauda / O irado monstro, e em tortuosos giros / Se enrosca no cipreste, e verte envolto / Em negro sangue o lívido veneno. / Leva nos braços a infeliz Lindóia / O desgraçado irmão, que ao despertá-la / Conhece, com que dor! No frio rosto / Os sinais do veneno, e vê ferido / Pelo dente sutil o brando peito."


 > José de Santa Rita Durão (1722-1784)
 
Estudou Teologia em Coimbra, onde teve grande participação política, e prega violento sermão contra a Companhia de Jesus. O Frei, orador e poeta pode ser considerado o criador do indianismo no Brasil. Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil; foi escrita ao estilo de Camões, imitando um poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos.

Caramuru - Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781) foi uma de suas pricipais obras.

Conforme diz o nome completo, a obra pretende descrever o processo de descobrimento por Diogo Álvares Correia, vítima de um naufrágio no litoral baiano. Há uma exaltação da terra brasileira, com descrições que lembram a literatura informativa do Quinhentismo. Apesar da influência camoniana, não se usa a mitologia pagã. Registra os costumes tribais dos índios, além de descrever a fauna e a flora brasileiras.




Editado por: Maiara Correia
Fontes:  Revisão Virtual/arcadismo; Juliobattisti/literatura; Graudez/literatura; Suapesquisa; BrasilEscola; Portalimpacto e YouTube.



1 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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